Fala pessoal, tudo bem?
Ultimamente tenho passado por algumas situações no trabalho, onde tenho tido a oportunidade de observar como muitas pessoas agem, de forma não muito ética, em situações extremas.
O fato é que onde trabalho hoje, assim como em muitas outras empresas no Brasil, as perspectivas de futuro são bem ruins agora. E vem se deteriorando de forma muito rápida nos últimos meses.
Como o país está nessa eterna indecisão, esperando as eleições com alguma esperança da economia melhorar um pouco, os empresários não investem na economia. Consequentemente, não são gerados empregos, a renda média da população não aumenta, e tudo fica na mesma. Então, no caso de empresas que estão fechando no vermelho há muito tempo, a chance de quebrar é muito grande, caso não haja uma redução drástica de custos.
Isso é o que acontece hoje onde trabalho, e em muitas outras empresas de meu setor.
Mas o que quero falar hoje não é sobre economia, e sim sobre o comportamento das pessoas. Especialmente sobre como as pessoas, quando deparam-se contra uma situação de emprego ameaçado, fazem de tudo para manter sua vaga, pelo menos o maior tempo possível. E fazem tudo o que for preciso (tudo mesmo, talvez até matar) para garantir sua fonte de renda por mais tempo.
Onde trabalho hoje, todos sabem que haverá em breve uma onda de demissões. Só a diretoria finge que ninguém sabe (mas era para ser sigilo absoluto). Vocês sabem, melhor que eu, que brasileiro é um bicho fofoqueiro, então mesmo aqueles com cargos mais altos não conseguem manter sigilo quando lhes é pedido. E algumas pessoas vazam esse tipo de informação para as pessoas "certas", que irão se encarregar de espalhar em todos os corredores e máquinas de café.
Então, o que tem acontecido é que já se sabe que uma série de pessoas será mandada embora, só não se sabe exatamente quando.
No meu caso, tudo indica que serei uma delas. Desde que a informação vazou, meu chefe começou a agir de maneira bem estranha, começou a se envolver em todos os meus assuntos no nível de detalhes. E começou a pedir informações direto a meus subordinados. E isso tem acontecido com alguns pares meus também.
Mas, depois de passar por algumas semanas terríveis, em termos de preocupação, daquele medo cego de não saber o que fazer depois, agora não estou achando ruim sair da empresa. Pois já estou de saco cheio de um ambiente podre, que se deteriorou demais, então prefiro sair agora do que ficar na leva dos que fecharão a empresa e apagarão a luz.
Mas o que eu queria compartilhar são alguns exemplos do ponto que seres humanos chegam a se tratar no trabalho, para manter seus empregos.
É impressionante. É gente entrando e saindo de sala de reunião o tempo todo para fazer fofoca, gente falando baixinho, murmurando nos corredores. Gente inventando mentira o tempo todo. É puxa-saco chorando porque o antigo chefe foi embora, e não tem mais a quem recorrer. Eu nunca tive a oportunidade antes, de testemunhar um experimento social dessa magnitude. Um grupo grande de pessoas reagindo ao caos. Parece aquelas experiências com ratos, onde você os submete a todos os tipos de estresse para medir as reações.
E um dos tipos de gente mais deploráveis que tenho visto em todo esse processo, é gente que se alimenta da desgraça dos outros. É sadismo puro, um lance meio de psicopata mesmo. São alguns que estão em cargos mais altos, que participam do processo decisório, e até definem os nomes a serem desligados. E ficam fazendo terrorismo com que está abaixo. Tipo "jogando alguns verdes" sobre a situação, sem falar abertamente o que vai acontecer.
Se eu ficar listando os absurdos que tenho visto nas últimas semanas, daria para escrever um livro de psicologia. Nunca imaginei que veria tanto desespero e todo tipo de comportamento ruim em um curto período de tempo.
No final, acho que é aquele lado do cérebro mais "animal" sendo acionado. A parte do instinto de sobrevivência mesmo.
Se eu ficar listando os absurdos que tenho visto nas últimas semanas, daria para escrever um livro de psicologia. Nunca imaginei que veria tanto desespero e todo tipo de comportamento ruim em um curto período de tempo.
No final, acho que é aquele lado do cérebro mais "animal" sendo acionado. A parte do instinto de sobrevivência mesmo.
Mas no meu caso, o lado bom é que posso ficar muito mais tranquilo que a maioria devido ao patrimônio que acumulei nos últimos anos. Daria para viver uma semi-independência financeira por alguns anos. Ou seja, a renda passiva pagaria parte das minhas contas, e eu precisaria completar com só mais um pouco, que é bem menos do que meu salário atual.
O problema é que ser humano teima em não ser racional. Tem todo aquele lado da autoestima, da sensação de estar sendo enganado, ou usado, pelos superiores. Sensação de que eles estão ganhando tempo, tentando esconder a situação, antes que todos pulem fora do barco de uma vez só, e não sobre ninguém para executar, só para comandar.
Então hoje estou em um dilema. Chutar o balde e sair por cima, ou esperar um pacote de demissão que pode rolar (já rolou em uma onda de demissão anterior). Nesse caso, além do FGTS e 40%, eles dariam alguns salários a mais e a extensão de alguns benefícios por mais alguns meses, como o plano de saúde. Mas não é certeza que haverá esse pacote.
Então, meus amigos, quanto vale o preço de sua sanidade mental, de sua saúde física e de deixar um ambiente tóxico logo? Será que eu espero o provável pacote? Ou pulo fora logo?
Por enquanto estou ficando para pegar esse bônus extra. Mas não sei até quando vou aguentar, antes de "meter o pé".
E vocês, o que fariam nessa situação?
Abraços