Caro leitor,
Uma das coisas que vou tentar fazer através do blog é
dividir um pouco de minha experiência e aprendizado no mundo corporativo, para
que os mais jovens não venham a cometer os mesmos erros e também tentar
ajudá-los com as experiências positivas. Então vamos lá...
Você já notou quantas pessoas reclamam de seus chefes? Não
só nos blogs, mas em qualquer lugar físico também: no café da empresa, no happy
hour com os colegas, em casa com sua família, e, em alguns casos até para o psicanalista
ou psiquiatra.
Desde o início de minha carreira, sempre busquei a excelência
técnica, mas não era muito preocupado com o lado comportamental e de relacionamentos
dentro de uma empresa. Formado em Engenharia, sempre acreditei que se fosse excelente
em minha função, as portas de cima se abririam facilmente. Mas na prática não é
bem assim.
Toda empresa é feitas de pessoas. E todos têm interesses ali dentro, muitas vezes conflitantes. Desta forma as pessoas vão se agrupando na organização, se aliando com quem tem interesses parecidos, com quem tem mais afinidade ou por outras razões. Daí surge o que deveria ser somente a política, no bom sentido, mas que vira a politicagem. Geralmente leva tempo para os mais novos perceberem esse grande “jogo”, e muitas vezes já se dão mal simplesmente por demonstrarem algum comportamento que desagrade a esses grupos.
O problema fica ainda maior quando entramos no lado psicológico
da questão. Em maior ou menor grau, as pessoas querem se sentir reconhecidas ou
valorizadas. Ter o sentimento de pertencer a um grupo, acreditar nas mesmas
coisas, nos mesmos valores. Isso é bem básico do ser humano e acredito que se
forma na adolescência. Sem falar ainda dos casos extremos: pessoas extremamente
carentes de atenção, outros que viveram fortes traumas fora dali, e tem sempre
uma porcentagem de psicopatas mesmo.
Agora pense no seu chefe. Como você acha que ele navegou em
meio a esse caos de pessoas e conseguiu subir? No mínimo, ele soube tirar mais vantagem dessa
situação. Soube fazer o “jogo” da organização. Soube se comportar como a
organização espera. E o que você acha
que ele espera do seu comportamento, que seja muito diferente do dele?
De forma resumida, os conselhos abaixo valem para qualquer
pessoa que trabalhe ou busca trabalhar no mundo corporativo, especialmente para
aqueles que já não gostam do chefe:
1. Toda organização (ou empresa) funciona da
maneira que descrevi acima. SE VOCÊ NÃO
ACEITA que tem que criar relacionamentos e se comportar conforme o que a
empresa espera (e não o que você acha que é certo) CAIA FORA LOGO, pois só irá se frustrar e possivelmente entrar em
conflito com alguém;
2. Se você tem problemas com seu chefe, ou não
gosta dele: SEU CHEFE NÃO VAI MUDAR POR SUA CAUSA. Ele só está preocupado
se você entrega o serviço esperado e não gera problemas.
3. Se você passar a ser um PROBLEMA PARA SEU CHEFE, ELE
VAI DAR UM JEITO EM VOCÊ. Vai tentar se livrar do “problema”
(você).
4. Se você causar qualquer outro tipo de problema,
que não seja conflito direto com seu chefe (pode ser com outra pessoa), dependendo
da repercussão do problema, isso passa a ser problema do seu chefe – então retorne
para o item 3 acima.
Hoje tenho uma posição gerencial e muita sorte de não ter
tido problemas como esses, pelo contrário, tenho ótimo relacionamento com minha
equipe.
Porém, tenho a oportunidade de participar de reuniões onde muitas
pessoas têm seus comportamentos avaliados e ocasiões onde outros gestores expõem
todos os tipos de problemas de comportamentos de seus funcionários: aqueles que
os desafiam e fazem de tudo para tumultuar o ambiente, aqueles que trabalham
abertamente para derrubá-los. Enfim, todo o tipo de problema.
Já vi gestor “pedindo
a cabeça” de muita gente, sem ao mesmo estas pessoas saberem. Vi pessoas serem
encostadas, outras transferidas “na marra” para outras áreas, tudo isso porque
entraram em conflito com seus superiores.
Apesar de minha posição, tenho superiores também, e sei que
sou constantemente avaliado. Então tomo bastante cuidado para não me tornar um “problema”
para eles.
Moral da história:
1. O mundo corporativo é daí para pior, o jogo é
esse. Se você vive reclamando do ambiente desgastante, do assédio do chefe
opressor, das rodinhas de fofoca e pessoas querendo te puxar o tapete, ou seja,
todo esse “blá-blá-blá” que falam em muitos blogs: pense bem se vale à pena
continuar. Pois conforme você progride na carreira a tendência é piorar.
2. Como em muitas situações da natureza você tem
duas alternativas: LUTAR OU FUGIR.