Fala galera,
Já falei aqui antes que, apesar de um certo ânimo com a
retomada da economia, estou com uma pulga atrás da orelha com esta aparente
calmaria para os investimentos. Bolsa subindo, noticiário político
razoavelmente tranquilo. Só para vocês terem uma idéia, bati a minha meta de
patrimônio para final de Outubro ainda no começo de Agosto. Ou seja, se não aportar nada
até o final de Outubro e a Bolsa se mantiver perto dos 70.000 pontos já estarei
onde tinha planejado.
Por outro lado, ao pesquisar alguns dados econômicos para
ver o que realmente mudou no Brasil que justifique tal euforia, acabei me deparando
com alguns números que me deixam cada vez mais revoltado com a maneira como
nossos “administradores” tratam o dinheiro que eu, você e todos que pagam impostos
suamos para conquistar.
Vamos começar com o tamanho da dívida do Estado brasileiro hoje.
Você sabia que a dívida pública hoje está na casa dos 3,34 TRILHÕES DE REAIS? Sim trilhões, isso mesmo...Isso é a soma de tudo que o governo deve, seja para bancos ou para você que comprou Tesouro Direto.
E o que isto tem de preocupante?
Se você tem acompanhado o noticiário, pode ter visto que o
governo está tentando aprovar o orçamento 2018, inicialmente com um rombo de
129 bilhões nas contas públicas, mas para ser revisado posteriormente para 158
bilhões. Ou seja, direto ao ponto: o governo já está declarando que vai gastar
mais do que tem. Vai gastar, se tudo der certo para ele, 159 bilhões a mais do
que tem.
O que aconteceria em uma empresa privada, se você
declarasse: “chefe, a situação está meio difícil esse ano, temos muitas
despesas, e crescentes...e além disso nosso faturamento vem caindo bastante.
Então gostaria de te pedir que leve para a presidência a proposta de pedir uns
20 milhões para o nosso departamento, mesmo sabendo que a empresa não vai
faturar nem cinco milhões, e estamos devendo para todos os bancos...você sabe, o
pessoal já está meio insatisfeito, achando que não tem benefícios suficientes,
querem aumento do auxílio-moradia, do vale-alimentação, querem um auxílio para
comprar ternos e também um auxílio-lazer, que pelo menos a empresa pague a
prestação do clube para as crianças....”
Você percebe como esta situação seria surreal em uma empresa
privada? Se eu fosse pedir isso ao meu diretor, provavelmente seria o fim de minha
carreira naquele momento.
Mas no setor público tudo pode, não é mesmo?
Pesquisando sobre dívida pública, obviamente que um dos
primeiros fatores que aparece é o custo para manter a máquina estatal, ou seja,
a despesa para manter os servidores.
E o mais impressionante é ver que o brasileiro está cansado
de saber de tudo isso e não faz nada.
Tomemos como exemplo o Judiciário, que acho hoje o maior
exemplo de descalabro com o uso do dinheiro público. Parece que eles são realmente uma
casta superior, que não abririam mão de seus benefícios nem se tivéssemos uns
30% ou 40% de desempregados. Vejam a comparação com outros países:
Apesar da proporção de juízes por 100.000 habitantes não ser
tão grande, abaixo de um juiz no Brasil há uma multidão de servidores que
ganham em média quase R$10.000 por mês. Isso sem contar a infinidade de
auxílios, bolsas e tudo mais que eles puderem inventar em benefício próprio.
Tudo com o nosso dinheiro, ou seja, dinheiro de impostos.
Portanto, o gasto em relação ao PIB (1º gráfico) é muito
mais alto do que qualquer outro país.
Outro exemplo lamentável que foi veiculado na imprensa nas
últimas semanas: funcionários do BNDES (bancários mesmo) chegam a ganhar
R$80.000 por mês em média, em função de acordos coletivos com os sindicatos que
garantem distribuição de parte dos “lucros” do banco.
Meu Deus, quer dizer então que agora funcionário público tem
participação em lucros? Já que trata-se de instituição pública, entendo que
tais lucros deveriam ser revertidos para a sociedade, que paga impostos para
manter toda essa estrutura.
Se eu passar pesquisando mais exemplos de categorias com
salários e benefícios surreais, vou gastar uma semana aqui, tempo que não
tenho, pois preciso trabalhar, gerar riqueza para a empresa e garantir o meu,
ao contrário da maioria dos pertencentes a estas castas.
Não vou nem citar exemplos das aposentadorias de servidores
para não ficar nervoso. Enquanto passamos a vida inteira juntando dinheiro e
aportando visando uma vida tranquila, muitos servidores não precisam fazer
absolutamente nada demais e é muito comum aposentarem-se com salários acima de
R$20.000 por mês. E, mais uma vez, quem paga a conta?
E por que estou insistindo nesse ponto?
Temos uma dívida de TRILHÕES e não conseguimos economizar
alguns bilhões para colocar o país nos trilhos de volta. Temos um governo que
não “corta na carne”, ou seja, não reduz despesas com o funcionalismo, visando se
garantir no poder. Acaba cortando somente investimentos (até em Sáude e
Educação) mas não mexe com os interesses das castas superiores do
funcionalismo. E não só esse governo, que é simplesmente continuação do
anterior, mas TODOS que conheci até hoje.
E qual é o impacto de
tudo isso sobre a competitividade de nosso país?
Em minha opinião, o que gera riqueza para um país e faz a
economia ir para outro patamar são os empreendedores, que criam tecnologia ou
soluções inovadoras. Um país que não inova, não empreende, está fadado a viver
principalmente da exploração de seus recursos naturais. Por isso somos eternamente o grande
exportador de commodities, o grande celeiro do mundo no agronegócio.
Simplesmente, grande parte dos recursos que poderiam ser
direcionados para estimular o crescimento através de inovação e ganhos de
produtividade para o país, vai para o ralo da máquina estatal.
Veja no Bovespa a quantidade de grandes empresas que desenvolve
tecnologia, em comparação a “exploradoras” de recursos naturais. A proporção é simplesmente
ridícula.
Já nos EUA, o futuro está nas empresas de tecnologia,
biotecnologia, inteligência artificial, entre outros.
Você é capaz de me dizer uma só empresa inovadora
brasileira, que revolucionou algum mercado, como a Amazon, Netflix ou Uber?
Não existe! (e me desculpe se você conhece alguma, mas
não será regra e sim a exceção, será um “ponto fora da curva”)
Voltando à questão do governo gigante e parasita. Para
manter o status quo de classe
privilegiada e buscar sempre aumentar os próprios benefícios, tanto a classe
política quanto servidores sempre criam dificuldades para o empreendedor para
vender facilidades. Por isso que demora-se mais de 100 dias para abrir uma
empresa por aqui ou paga-se uma quantidade ridícula de impostos. Sem falar nas
licenças, alvarás, necessidade de autenticar tudo em cartório, entre inúmeras
outras dificuldades. Ah...e as eventuais propinas para agentes públicos.
Outra consequência nefasta para o empreendedorismo, é que,
ao destinar a grande fatia do bolo para manter a máquina pública, também não
sobra quase nada para investir em pesquisa de novas tecnologias nas universidades.
Por isso, na maioria das universidades federais ou estaduais, há pouca ou
nenhuma pesquisa de alto nível. E a conexão das universidades com a indústria é
quase nula. Tenho um certo contato com professores universitários e eles não
fazem idéia do que se passa em uma grande empresa. São alienados mesmo. Vivem
no mundo da teoria, e, por que não, da fantasia.
Ao final das contas, a conclusão é uma só: o mesmo bolo que
alimenta o funcionalismo é o bolo que poderia alimentar uma sociedade de livre
mercado, incentivando a meritocracia, o empreendedorismo.
Estamos caminhando na direção contrária. As cabeças mais bem
preparadas, ao invés de dedicarem-se a ter seu negócio ou contribuir com
empresas para gerar soluções inovadoras, passam anos fora do mercado decorando
apostilas para ter uma vida mais tranquila, emprego com estabilidade e altos
rendimentos, gerando muito menos valor para a sociedade do que um empreendedor
ou funcionário privado. O trabalho destes (ou da grande maioria) é só para
manter a máquina pública funcionando.
Colegas, acredito sinceramente que, para o Brasil dar um
salto de crescimento, precisamos diminuir o tamanho do estado, cortando gastos
(e não aumentando impostos) e garantindo recursos para a iniciativa privada
empreender e gerar inovação.
Os exemplos de países que fizeram isso com sucesso são
muitos. A título de exemplo, pesquisem sobre o caso recente de crescimento da
Irlanda. Ao reduzir o tamanho do gasto estatal, atraíram tanto investimento que
chegaram a crescer mais de 13% em um único ano. Enquanto isso nosso governo
está comemorando crescimento de 0,2% do PIB no último trimestre.
Não tenho nada pessoal contra funcionários públicos, mas do
tamanho que está a máquina e a disparidade de recursos destinados para o
público ou privado, o Brasil vai dar outro “vôo de galinha” nos próximos anos,
e seremos eternamente o país do futuro.
Ano que vem teremos eleições e pretendo apoiar somente
candidatos que demonstrem claramente preocupação em diminuir o tamanho do
estado e sua influência sobre o mercado.
Também estou pensando seriamente em me filiar a algum
partido de visão mais liberal e pró-mercado.
Acho que chegamos a um ponto que não podemos mais ficar de
fora do processo político. O brasileiro precisa começar a participar,
fiscalizar seus candidatos diariamente, comparecer a assembléias quando
decisões forem votadas. Sair dessa passividade. Caso contrário sempre ficaremos
nas mãos de políticos parasitas em conluio com as castas privilegiadas.
Desculpem-me pelo texto longo. Não sou economista ou cientista político, e não é
um assunto simples, então fica difícil resumir muito sem perder a clareza.
Sou somente um cidadão comum em busca de um país melhor para
se viver e investir.
Abraços.