domingo, 3 de setembro de 2017

O peso do funcionalismo público: por que o Brasil não decola?


Fala galera,

Já falei aqui antes que, apesar de um certo ânimo com a retomada da economia, estou com uma pulga atrás da orelha com esta aparente calmaria para os investimentos. Bolsa subindo, noticiário político razoavelmente tranquilo. Só para vocês terem uma idéia, bati a minha meta de patrimônio para final de Outubro ainda no começo de Agosto. Ou seja, se não aportar nada até o final de Outubro e a Bolsa se mantiver perto dos 70.000 pontos já estarei onde tinha planejado.

Por outro lado, ao pesquisar alguns dados econômicos para ver o que realmente mudou no Brasil que justifique tal euforia, acabei me deparando com alguns números que me deixam cada vez mais revoltado com a maneira como nossos “administradores” tratam o dinheiro que eu, você e todos que pagam impostos suamos para conquistar.

Vamos começar com o tamanho da dívida do Estado brasileiro hoje. Você sabia que a dívida pública hoje está na casa dos 3,34 TRILHÕES DE REAIS? Sim trilhões, isso mesmo...Isso é a soma de tudo que o governo deve, seja para bancos ou para você que comprou Tesouro Direto.

E o que isto tem de preocupante?

Se você tem acompanhado o noticiário, pode ter visto que o governo está tentando aprovar o orçamento 2018, inicialmente com um rombo de 129 bilhões nas contas públicas, mas para ser revisado posteriormente para 158 bilhões. Ou seja, direto ao ponto: o governo já está declarando que vai gastar mais do que tem. Vai gastar, se tudo der certo para ele, 159 bilhões a mais do que tem.

O que aconteceria em uma empresa privada, se você declarasse: “chefe, a situação está meio difícil esse ano, temos muitas despesas, e crescentes...e além disso nosso faturamento vem caindo bastante. Então gostaria de te pedir que leve para a presidência a proposta de pedir uns 20 milhões para o nosso departamento, mesmo sabendo que a empresa não vai faturar nem cinco milhões, e estamos devendo para todos os bancos...você sabe, o pessoal já está meio insatisfeito, achando que não tem benefícios suficientes, querem aumento do auxílio-moradia, do vale-alimentação, querem um auxílio para comprar ternos e também um auxílio-lazer, que pelo menos a empresa pague a prestação do clube para as crianças....”

Você percebe como esta situação seria surreal em uma empresa privada? Se eu fosse pedir isso ao meu diretor, provavelmente seria o fim de minha carreira naquele momento.  

Mas no setor público tudo pode, não é mesmo?

Pesquisando sobre dívida pública, obviamente que um dos primeiros fatores que aparece é o custo para manter a máquina estatal, ou seja, a despesa para manter os servidores.

E o mais impressionante é ver que o brasileiro está cansado de saber de tudo isso e não faz nada.

Tomemos como exemplo o Judiciário, que acho hoje o maior exemplo de descalabro com o uso do dinheiro público. Parece que eles são realmente uma casta superior, que não abririam mão de seus benefícios nem se tivéssemos uns 30% ou 40% de desempregados. Vejam a comparação com outros países:


 

Apesar da proporção de juízes por 100.000 habitantes não ser tão grande, abaixo de um juiz no Brasil há uma multidão de servidores que ganham em média quase R$10.000 por mês. Isso sem contar a infinidade de auxílios, bolsas e tudo mais que eles puderem inventar em benefício próprio. Tudo com o nosso dinheiro, ou seja, dinheiro de impostos.

Portanto, o gasto em relação ao PIB (1º gráfico) é muito mais alto do que qualquer outro país.

Outro exemplo lamentável que foi veiculado na imprensa nas últimas semanas: funcionários do BNDES (bancários mesmo) chegam a ganhar R$80.000 por mês em média, em função de acordos coletivos com os sindicatos que garantem distribuição de parte dos “lucros” do banco.

Meu Deus, quer dizer então que agora funcionário público tem participação em lucros? Já que trata-se de instituição pública, entendo que tais lucros deveriam ser revertidos para a sociedade, que paga impostos para manter toda essa estrutura.

Se eu passar pesquisando mais exemplos de categorias com salários e benefícios surreais, vou gastar uma semana aqui, tempo que não tenho, pois preciso trabalhar, gerar riqueza para a empresa e garantir o meu, ao contrário da maioria dos pertencentes a estas castas.  

Não vou nem citar exemplos das aposentadorias de servidores para não ficar nervoso. Enquanto passamos a vida inteira juntando dinheiro e aportando visando uma vida tranquila, muitos servidores não precisam fazer absolutamente nada demais e é muito comum aposentarem-se com salários acima de R$20.000 por mês. E, mais uma vez, quem paga a conta?

E por que estou insistindo nesse ponto?

Temos uma dívida de TRILHÕES e não conseguimos economizar alguns bilhões para colocar o país nos trilhos de volta. Temos um governo que não “corta na carne”, ou seja, não reduz despesas com o funcionalismo, visando se garantir no poder. Acaba cortando somente investimentos (até em Sáude e Educação) mas não mexe com os interesses das castas superiores do funcionalismo. E não só esse governo, que é simplesmente continuação do anterior, mas TODOS que conheci até hoje.

E qual é o impacto de tudo isso sobre a competitividade de nosso país?

Em minha opinião, o que gera riqueza para um país e faz a economia ir para outro patamar são os empreendedores, que criam tecnologia ou soluções inovadoras. Um país que não inova, não empreende, está fadado a viver principalmente da exploração de seus recursos naturais. Por isso somos eternamente o grande exportador de commodities, o grande celeiro do mundo no agronegócio.

Simplesmente, grande parte dos recursos que poderiam ser direcionados para estimular o crescimento através de inovação e ganhos de produtividade para o país, vai para o ralo da máquina estatal.

Veja no Bovespa a quantidade de grandes empresas que desenvolve tecnologia, em comparação a “exploradoras” de recursos naturais. A proporção é simplesmente ridícula.

Já nos EUA, o futuro está nas empresas de tecnologia, biotecnologia, inteligência artificial, entre outros.

Você é capaz de me dizer uma só empresa inovadora brasileira, que revolucionou algum mercado, como a Amazon, Netflix ou Uber?

Não existe!  (e me desculpe se você conhece alguma, mas não será regra e sim a exceção, será um “ponto fora da curva”)

Voltando à questão do governo gigante e parasita. Para manter o status quo de classe privilegiada e buscar sempre aumentar os próprios benefícios, tanto a classe política quanto servidores sempre criam dificuldades para o empreendedor para vender facilidades. Por isso que demora-se mais de 100 dias para abrir uma empresa por aqui ou paga-se uma quantidade ridícula de impostos. Sem falar nas licenças, alvarás, necessidade de autenticar tudo em cartório, entre inúmeras outras dificuldades. Ah...e as eventuais propinas para agentes públicos.

Outra consequência nefasta para o empreendedorismo, é que, ao destinar a grande fatia do bolo para manter a máquina pública, também não sobra quase nada para investir em pesquisa de novas tecnologias nas universidades. Por isso, na maioria das universidades federais ou estaduais, há pouca ou nenhuma pesquisa de alto nível. E a conexão das universidades com a indústria é quase nula. Tenho um certo contato com professores universitários e eles não fazem idéia do que se passa em uma grande empresa. São alienados mesmo. Vivem no mundo da teoria, e, por que não, da fantasia.

Ao final das contas, a conclusão é uma só: o mesmo bolo que alimenta o funcionalismo é o bolo que poderia alimentar uma sociedade de livre mercado, incentivando a meritocracia, o empreendedorismo.

Estamos caminhando na direção contrária. As cabeças mais bem preparadas, ao invés de dedicarem-se a ter seu negócio ou contribuir com empresas para gerar soluções inovadoras, passam anos fora do mercado decorando apostilas para ter uma vida mais tranquila, emprego com estabilidade e altos rendimentos, gerando muito menos valor para a sociedade do que um empreendedor ou funcionário privado. O trabalho destes (ou da grande maioria) é só para manter a máquina pública funcionando.

Colegas, acredito sinceramente que, para o Brasil dar um salto de crescimento, precisamos diminuir o tamanho do estado, cortando gastos (e não aumentando impostos) e garantindo recursos para a iniciativa privada empreender e gerar inovação.

Os exemplos de países que fizeram isso com sucesso são muitos. A título de exemplo, pesquisem sobre o caso recente de crescimento da Irlanda. Ao reduzir o tamanho do gasto estatal, atraíram tanto investimento que chegaram a crescer mais de 13% em um único ano. Enquanto isso nosso governo está comemorando crescimento de 0,2% do PIB no último trimestre.

Não tenho nada pessoal contra funcionários públicos, mas do tamanho que está a máquina e a disparidade de recursos destinados para o público ou privado, o Brasil vai dar outro “vôo de galinha” nos próximos anos, e seremos eternamente o país do futuro.

Ano que vem teremos eleições e pretendo apoiar somente candidatos que demonstrem claramente preocupação em diminuir o tamanho do estado e sua influência sobre o mercado.

Também estou pensando seriamente em me filiar a algum partido de visão mais liberal e pró-mercado.

Acho que chegamos a um ponto que não podemos mais ficar de fora do processo político. O brasileiro precisa começar a participar, fiscalizar seus candidatos diariamente, comparecer a assembléias quando decisões forem votadas. Sair dessa passividade. Caso contrário sempre ficaremos nas mãos de políticos parasitas em conluio com as castas privilegiadas.

Desculpem-me pelo texto longo. Não sou economista ou cientista político, e não é um assunto simples, então fica difícil resumir muito sem perder a clareza.

Sou somente um cidadão comum em busca de um país melhor para se viver e investir.

Abraços.

8 comentários:

  1. Cara, quando leio seu post me vejo falando com os milhares de analfabetos políticos e financeiros que inundam o Brasil. 99,9% da população brasileira não sabe nada do que você postou aqui - e não se importam! Você já assistiu o filme do Experimento Milgram? Assista e entenderá a passividade do povo, apesar do estudo dele ser sobre atitudes de violência em massa. Está no Netflix.

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    1. HM, se uma única pessoa entender o que eu falei aqui já me dou por satisfeito. Acho que o blog é uma maneira de passar algum conhecimento e senso crítico para as pessoas também. Vou ver o filme lá no Netflix. Abraços

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    2. HM, ontem comecei a assistir o filme. Vi até a metade e hoje termino. Muito bom!

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  2. Sempre digo... Sou tremendamente patriota em relação ao bom Brasil, que quase não existe mais. A cada dia vejo que os países latino americanos são um lixo marxista fadados ao fracasso. O Brasil não vai melhorar nunca. Nos resta lutar pra não perder patrimônio, pois a guerra cultural ai já foi perdida.

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  3. Gostei muito do seu blog. Ótima postagem. vou te adicionar no blogroll do meu blog

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  4. Muito boa sua postagem, penso o mesmo, que a máquina estatal deve ser reduzida, apesar de admitir que é algo muito difícil de ocorrer, mas não podemos deixar de acreditar em nosso país, e nas poucas pessoas que fazem dele algo melhor que os muitos que todos os dias destroem com notícias de corrupção e afins.

    Bom seu blog, vou ler os posts mais antigos e adicioná-lo ao blogroll, agradeceria se pudesse fazer o mesmo.

    Abraço.

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  5. Meu amigo, como vai, tudo bem?
    Vc chegou atrasado.... Falar oq falou do Brasil e citar irlanda como case de sucesso?? Irlanda é uma piada. Se voce cita irlanda como case de sucesso hoje, deve ter nocao em primeiro lugar que lá é uma país de pescadores e que foi estopim da crise imobiliaria... Recomendo a leitura do livro "Bumerangue"... Tudo ilusao... E com taxas de juros de um dígito tao rapida estamos seguindo no mesmo caminho....
    E sobre funcionalismo publico, aqui tbm é uma piada... Pior que aqui, só a grecia.
    Solucao: vamos estudar e nos tornamos juízes... Ou vai ficar se queixando de quanto ganha um juiz quando voce estiver com 70 anos.
    Nao da pra ficar de mimimi....
    Brasil nao mudara sem investimento em educação e tecnologia.
    Abraco

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