Fala galera,
Tenho lido alguns livros bem interessantes, e um deles, que
recomendo fortemente a todos os investidores, é “A lógica do Cisne Negro” de
Nassim Nicholas Taleb.
O livro trata basicamente de eventos extremamente
improváveis, os chamados Cisnes Negros, e como estes tem definido a história da
humanidade, como guerras, o atentado às torres gêmeas ou a crise no mercado
financeiro em 2008.
Gosto, particularmente, da maneira como ele levanta as
fragilidades de nossa mente em relação à eventos extremos e indesejáveis.
Segundo o autor, nossas mentes estão programadas para compreender o mundo sob a
lógica da curva normal (ou curva de Gauss), onde todos os fenômenos tem uma variação
mais ou menos esperada e, inconscientemente, tendemos a relevar ou menosprezar
os riscos de situações mais catastróficas, os Cisnes Negros.
De forma análoga, um Cisne Negro também pode ser um evento
positivo, desde que seja inesperado e cause um grande impacto. Como exemplo ele cita o sucesso de
alguns poucos artistas, como J.K.Rowling, autora da série Harry Poter. A lógica
é que, nesse mercado, alguns poucos autores acabam vendendo dezenas de milhões
de livros enquanto milhares de outros autores com trabalhos de qualidade
similar acabam no “limbo”, sendo a aleatoriedade muito mais importante para o
sucesso de alguns poucos autores, do que simplesmente serem melhor que os
outros.
Mas o que isso tem a ver com ganhar ou juntar dinheiro?
Explico.
Não pretendo fazer uma resenha do livro, mas há um capítulo
que me abriu muito a mente, onde ele fala do fenômeno da ESCALABILIDADE.
Pensemos em algumas profissões tradicionais como médico, padeiro
ou outras mais alternativas, como as prostitutas. O que elas tem em comum?
Não são escaláveis.
O médico, apesar de ganhar bem, tem uma capacidade finita de
atender pacientes e sua renda vai estar em linha com este tempo disponível para
os atendimentos. A prostituta, assim como o médico, também precisa estar lá,
para fornecer o serviço, e vai lucrar conforme quantidade ou a hora de
trabalho. Desculpem-me pelo exemplo chulo, mas é o mesmo do livro.
Agora vamos pensar em profissionais que criam algo. Por
exemplo, imagine que você crie um software ou aplicativo e este se torne bem
sucedido em termos de demanda.
Você gastou um tanto de horas no desenvolvimento e testes até
colocar para vender. Mas a partir daí, você não precisa fazer mais quase nada.
As pessoas simplesmente farão downloads e o dinheiro cairá na conta. Lógico que
simplifiquei o processo, mas é só para passar o conceito: nesse caso você tem
uma atividade ou trabalho ESCALÁVEL.
Vamos voltar ao exemplo da J.K.Rowling. Ela gastou todo o
esforço, ou a maior parte, na fase de criação do livro. A partir daí, com o sucesso de
vendas, ela não tem trabalho extra de criação. Talvez tenha que atender um ou
outro evento de divulgação para aumentar as vendas. Ou esteja contente com o
que já ganhou e não precise fazer mais nada. Por outro lado, o padeiro, sempre
terá o esforço extra de fazer o próximo pãozinho para que seja vendido.
Agora volto à questão inicial: se você realmente quer ficar
rico, o que é mais fácil? Ficar mais 10, 15 ou 20 anos em um trabalho comum,
onde você troca um determinado número de horas por um determinado salário (atividade NÃO ESCALÁVEL) para
aportar uma porcentagem por mês? Ou vale apostar em uma atividade escalável?
O leitor mais atento já deve ter sacado: em grande parte,
atividades escaláveis tem a ver com EMPREENDEDORISMO. Mesmo o autor de um livro, foi empreendedor
em certa medida. Ele criou um produto.
Se listarmos as maiores fortunas do mundo hoje, são de
pessoas que empreenderam, e começaram uma atividade escalável.
Jeff Bezos, fundador da Amazon, também trabalhou um dia como
funcionário, em um grande banco de investimentos em Wall Street. Ganhava muito
bem, incluindo bônus bem gordos. Talvez tivesse um patrimônio de alguns mihões
de dólares. Mas tinha uma visão, e resolveu sair para abrir inicialmente uma
livraria online. Recentemente, se não me engano, sua fortuna chegou a 90
bilhões de dólares. Negócio escalável.
Não estou falando que todo mundo irá virar um Jeff Bezos ou
Bill Gates um dia. Somente quero ressaltar que, para realmente ganhar dinheiro,
e muito mais rápido, você precisa ter uma atividade escalável. Criar algo que
tenha valor de mercado e que possa ter seu valor multiplicado de forma não
linear, como um Cisne Negro. Algo que possa crescer de forma exponencial, sem
que você tenha que colocar o mesmo esforço sempre para o mesmo retorno.
Descendo ao mundo dos “mortais” e de histórias reais, tenho
amigos que empreenderam e em poucos anos saíram de patrimônios como o que vemos
nos rankings da finansfera (a maioria entre R$100.000 e R$400.000) para
patrimônios acima de 10 milhões.
Todos eles criaram algo onde eles não tem que fazer mais
esforço como o inicial. A roda de certa forma “gira sozinha”. Alguns tem mais pessoas trabalhando para
eles, outros menos. Mas para cada valor hora pago a um funcionário, que tem que
vender ou manter a empresa ou os produtos/serviços que ELES CRIARAM, eles tiram
proporcionalmente MUITO MAIS. Em relação às horas pagas aos funcionários, o
ganho deles não é linear é exponencial.
Tem risco envolvido? Lógico que tem. Senão todo mundo
largava seu empreguinho com salário fixo hoje e estava começando algo do zero
amanhã.
O Bastter sempre diz que tentou uns 30 negócios até seu site
de finanças dar certo. Teve até um outro site dele, sobre cuidados médicos se
não me engano, que também deu razoavelmente certo, segundo ele. Mas o
importante é que ele foi tentando, até virar. E assim é a história da maioria
dos empreendedores.
Estou trabalhando em uma atividade escalável, uma idéia por
enquanto, em paralelo a meu trabalho na iniciativa privada. O grande problema é
o tempo para desenvolver algo decente quando você já gasta de 8 a 10 horas em
um escritório trabalhando para os outros. Soa familiar? Claro, acredito que meu
dilema seja o mesmo de muitos aqui.
Mas acredito ser essa a diferença entre os grandes casos de
sucesso e o restante da população.
Se você tem um emprego fixo, padrão, está “na média”, e
provavelmente é classe média também assim como eu. “Na média” você sabe quanto
ganham todos que fazem a mesma função que você. “Na média” sabe quando ganha um
gerente, um diretor e até o presidente de sua empresa. E sabe, “na média”, quando
vai ganhar nos próximos 5 ou dez anos, não sabe? Deve ter até uma planilha,
fazendo projeções em cima dos aportes, prevendo seu aumento patrimonial, não?
Eu também.
Amigos, bem vindos ao “MEDIOCRISTÃO” como o Taleb define no
livro, onde tudo é previsível e as coisas não são escaláveis.
Agora, se você quer dar realmente um salto na vida, de
grande impacto, não linear, você deve fazer parte do EXTREMISTÃO, deve ser um
CISNE NEGRO pelo menos para sua vida, ou tentar criar um CISNE NEGRO (algo que
para os outros terá grande impacto e era até então imprevisível), uma empresa,
um produto, algo ESCALÁVEL.
Para isso temos que mudar completamente a mentalidade,
abandonar antigas crenças, sair da zona de conforto e ENCARAR RISCOS.
Estou tentando trabalhar fortemente minha mente, para mudar
o comportamente de sempre buscar estar na média, se contentar com o esperado.
Aportar todo mês, esperando quietinho, juros compostos fazendo efeito. Sei que posso
estar indo contra muito do que é pregado aqui e deve gerar comentários
negativos. Mas acho que vale o debate.
Há caminho certo para a independência financeira? Assumir
mais riscos ou seguir somente o caminho tranquilo dos aportes?
Acho que é uma escolha pessoal.
E você, o que prefere?
Abraços.