domingo, 17 de setembro de 2017

Histórias reais de quem ganha muito dinheiro: O “Turco”.




Fala galera,

Uma discussão recente que tem se repetido em alguns blogs é sobre a melhor maneira de se acumular patrimônio: juntando e aportando de forma disciplinada ou através do empreendedorismo.

Através dos comentários nos blogs, inclusive aqui, é fácil constatar que a maioria ainda prefere o caminho mais “tranquilo” de ter um emprego estável, controlar os gastos com disciplina e aportar o superávit.

Porém, andei pensando sobre algumas pessoas ao meu redor, pessoas que conheço muito bem suas histórias, que realmente ficaram ricas. Estou falando aqui de patrimônios líquidos acima de 10 milhões, algo que foge muito da média da Finansfera.

E quantos vocês acham que seguiram a receita EMPREGO + DISCIPLINA + APORTES?

Nenhuma. ZERO!!! ROSCA!!!

Imagino que todos já suspeitem o que essas pessoas tem em comum: SIM, TODOS SÃO EMPREENDEDORES.

Este será o primeiro de uma série de posts onde vou contar um pouquinho da trajetória destas pessoas nos negócios, para que possamos entender o que eles fizeram de certo ou errado, ou suas características pessoais, que foram relevantes para seu sucesso.

O primeiro personagem de que vou falar, vou chamar aqui de “Turco” em função de pertencer a um dos principais grupos de imigrantes (o “turco” aqui é para generalizar mesmo, não vou revelar se ele é sírio, libanês ou turco mesmo).

É uma pessoa real, de quem já tive bastante proximidade, mas que hoje encontro esporadicamente.

O turco vem de uma família numerosa, com muitos tios, irmãos e primos e todos tem um histórico de longa data de ter diversos pequenos negócios, os “LOJINHA”, sendo a grande maioria na região central de grandes cidades.

Vale aqui um adendo. As primeiras gerações, logo que imigraram para o Brasil, começaram com venda “porta a porta” mesmo, o mascate. Com muito suor e trabalho abriram os “LOJINHA”. Hoje suas famílias já estão na terceira geração e muitos já passaram do “LOJINHA” para negócios muito maiores, como grandes confecções, pequenos centros comerciais até aluguel de prédios inteiros. Alguns inclusive, iniciaram com a prestação de “serviços financeiros” para a comunidade e com o tempo tornaram-se verdadeiros banqueiros, possuindo “Factorings” ou empresas de crédito.

Voltando ao TURCO. Faz parte da segunda geração e viu o pai sair do “nada” para ganhar muito dinheiro com vendas de tecidos e posteriormente com outros negócios, principalmente imobiliários.

Detalhe: não estudou além do 2º grau, apesar de ter estudado em bons colégios, onde seus colegas de classe média seguiram o caminho básico de vestibular, faculdade e depois arrumar um emprego, trabalhando para alguém.

O TURCO, apesar de ter frequentado o colégio, nunca se interessou em fazer uma faculdade, e os pais, tios e a comunidade em geral nunca o recriminaram por isso. Ele acabou trabalhando muito cedo nos negócios do pai, e foi desenvolvendo um senso muito apurado para os negócios e algo que a classe média tradicional não costuma desenvolver em seus filhos: a arte de vender aliada a uma enorme habilidade para trabalhar em parceria ou sociedade.

Tive a oportunidade de ver o TURCO ir do “céu ao inferno” algumas vezes. Uma vez ele quebrou um negócio que durante muitos anos ia de vento em popa no ramo de confecção. E O QUE ELE FEZ? Foi buscar ajuda com os familiares.

E aqui vale uma observação: acho que uma grande vantagem tanto das comunidades de origem árabe quanto os judeus é como eles se ajudam mutuamente a levantar após as quedas. E não é somente apoio moral não. Os que estão em melhor situação dão dinheiro mesmo. E o mais inacreditável: muitas vezes nem pedem de volta.

Bom, nosso camarada fez isso e após alguns anos de perrengue, apertando o cinto para pagar as contas, se reergueu com outro negócio, e esse realmente bombou. O cara se capitalizou vendendo alguns imóveis da família e investiu em um bairro que tinha potencial de estourar para o comércio, pois estava muito próximo a outro bairro bem comercial. Foi lá e construiu um pequeno centro comercial, daqueles tipo “Galeria Pajé” mesmo. Não saberia de antemão quantos espaços conseguiria alugar.

Conseguiu ocupação máxima em pouco tempo. Hoje aluga cada espaço com preços entre 4 e 5 mil reais fora luvas anuais dos comerciantes. Considerando que ele oferece muitas dezenas de boxes, não fica difícil deduzir que ele fatura muitas dezenas de milhares de reais por mês, fora uma bolada inacreditável de luvas no fim do ano.

Agora, comparando a história do TURCO com a da maioria dos “soldados da Finansfera”, vejo algumas diferenças fundamentais:

1) o cara não está nem aí para juntar dinheiro e aportar. Se ele quer mais dinheiro ele põe na cabeça que precisa faturar mais e corre atrás, seja com o negócio atual ou com outro;

2) não se preocupa com o imposto de renda, visto que coloca tudo no nome de familiares e declara muito menos do que realmente fatura, pois nesse tipo de ambiente a maioria dos pagamentos é feito em dinheiro vivo;

 3) ele não tem como escapar do “Brasil real”: uma vez por ano no mínimo tem que pagar “um agrado” para a fiscalização;

 4) o cara não sabe NADA de Bolsa, TD ou Fundos Imobiliários. NADA!! O máximo que faz é entregar uma quantia por mês a um amigo que mexe com previdência privada. Vai na confiança mesmo.

5) Não passa vontade. Compra tudo do bom e do melhor. Viaja para o exterior a hora que quer. Compra o carro que tem vontade (de algumas centenas de milhares de reais, blindado claro). OU SEJA, NÃO TEM MENTALIDADE FRUGAL.

E, por último, mas o mais importante: SE PRECISAR RECOMEÇAR DO ZERO, ELE CAI, LEVANTA E FAZ TUDO DE NOVO.

Esse post é um pouco provocativo, para abrirmos a mente mesmo, pois sinto que na maioria dos blogs aqui existe uma verdade aceita como uma espécie de Dogma, de que o melhor caminho para a Independência Financeira é o tradicional modelo FRUGALIDADE X APORTES X JUROS COMPOSTOS.

Mas dependendo do perfil de cada um, o empreendedorismo pode ser um caminho mais curto.

Tentei passar aqui uma história real, de alguém que conheço e acho que não deve ser tão incomum no meio dos ricos no Brasil.

E aí? O que você achou da história?

Acha mesmo que o caminho para enriquecer é a disciplina dos aportes?

Abraços

14 comentários:

  1. Acho que a disciplina dos aportes é o caminho mais acessível para a maioria das pessoas. Não é todo mundo que possui vocação empreendedora, e mesmo assim muitos dos que possuem acabam não obtendo êxito, por uma série de fatores. Além disso, como no caso do "Turco", não é todo mundo que tem uma família que já possui negócios - aliás, como vc mesmo citou, ele quebrou um negócio.... nesse caso, se não fosse a ajuda financeira dos familiares, dificilmente conseguiria se reerguer.

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    1. Ando5,
      Realmente, se não fosse a família ele não teria se reerguido. Mas essa é a grande vantagem das comunidades que falei. Eles sempre se ajudam a levantar. Acho que o brasileiro tem muito a aprender ainda.

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  2. Belo Post.
    Gosto muito de história de empreendedores.
    Mas realmente não é qualquer um que tem dinheiro para construir um centro comercial. Tem gente que pode contar com a familia.
    A maioria aqui acho que não tem essa facilidade.

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    1. Fala sem noção,
      Realmente poucos teriam um capital para começar um centro comercial. Mas lembrando que o dinheiro da construção foi levantado com os parentes, ele entrou só com o terreno.
      Abs.

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  3. Amigo samurai, eu entendo que esse é um caminho mais arriscado. Portanto ou pode dar muito certo ou muito errado. A maioria de nós aqui da finansfera não vive em uma comunidade que nos ajudará quando as coisas não derem certo. Mediante isso, entendo que a maioria busca o caminho mais seguro. Pessoalmente não vejo tanta diferença entre ter 20 milhões ou 5 milhões, portando um caminho mais seguro que me garanta 5 milhões seria melhor no MEU CASO. Eu confesso que busco empreender, mas isso quando tiver uma boa grana para investir, e que mesmo que vá a falência, isso represente poucas perdas no total do meu patrimônio. Eu penso assim, talvez seja uma mente pequena, mas...
    Espero que com o tempo e a experiência eu possa aprender cada dia mais.

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    1. Fala SB,
      Acho que o que limita a maioria das pessoas a empreender, incluindo eu, é o medo de perder o que já conquistou, ou parte disso.
      Estou tentando me preparar mentalmente para apostar uma grana em um negócio no futuro, mas já imaginando o pior cenário, de perder grande parte do que foi investido. Acho que ainda vou precisar de mais uns 2 ou 3 anos capitalizando para me sentir seguro.
      Essa é a diferença, quem tem "sangue nos olhos" mesmo, não tem medo de perder tudo e não fica esperando para arriscar.

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  4. Faz lembrar do Silvio Santos respondendo a uma pergunta de um repórter sobre o que ele faria se ficasse pobre. Ele simplesmente disse que ficaria rico de novo.

    Pessoal tem uma técnica inconsciente que faz crescer.

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    1. Lawyer,
      Sim, exatamente isso. O "mindset" vencedor. O cara tem certeza que vai dar certo se cair e levantar de novo.

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  5. Ótimo post!

    Isso é uma coisa que sempre me questiono. Será que esse caminho "caxias" é o melhor? Será que não estamos sendo muito medíocres (no sentido literal da palavra)? Qual o objetivo da vida senão ir pra frente, dar as caras??

    Acho que o caminho é tão importante quando o destino. Existem diversos fatores a favor do cara, mas sem dúvida é um caminho bem arriscado que você corre riscos.

    Acredito que a mentalidade da galera da finansfera, generalizando, é muito mediana, egoista e segura. Existem diversas oportunidades de se ganhar dinheiro. A questão é: existe o RISCO, seja financeiro, emocional, etc, e a galera aqui tem aversão a risco.

    Ansioso no aguardo das novas histórias.

    Abs

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    1. Moacir,
      Obrigado pela visita!
      Você resumiu tudo. As pessoas aqui realmente buscam o "enriquecer com segurança". Acho que isso tem muito a ver com a educação da classe média no Brasil, a famosa cultura do pai que força o filho a fazer um curso tradicional em uma faculdade e arrumar um "bom emprego".
      Logo mais trago mais estórias de empreendedores reais.
      Abraços

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  6. Belíssimo post! Eu não tenho culhões pra empreender, infelizmente.

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  7. Excelente! Conte mais histórias desse tipo.

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