quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Será que você depende tanto assim do seu emprego para viver? A pressão da sociedade e da família sobre seu modo de ganhar a vida

Fala pessoal, 

Hoje estou em uma fase de transição de um emprego fixo para algo mais autônomo. Não vou entrar em detalhes neste post, mas quando as coisas estiverem mais amadurecidas prometo que vou trazer mais informações para vocês. 

Basicamente estou negociando minha saída da empresa, que está indo para o buraco de qualquer jeito, e estou começando a trabalhar duas frentes em paralelo no sentido de empreender. Ou seja, duas empresas distintas, com produtos distintos. Uma que vou tocar, e outra que a Sra.Samurai irá tocar junto com uma sócia. Isso é o que posso falar agora. 

Mas o tema de hoje surgiu justamente nessa fase de reflexão, do que fazer da vida após deixar um emprego fixo, visto que sempre tive empregos fixos na minha vida, de trabalhar para os outros e ter o salário pingando direitinho na conta todo mês. 

Como já comentei em meu último post "Uma mentira que te contaram: que o trabalho duro sempre vale à pena", no link abaixo, se você trabalha para uma empresa, sempre chega o ponto onde seu ganho já não compensa mais o tanto que você entrega para a empresa, ou, pelo menos, a grande maioria das pessoas um dia passa a ter esse sentimento. 

https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=1725772646340235462#editor/target=post;postID=4165918651269253221;onPublishedMenu=allposts;onClosedMenu=allposts;postNum=1;src=postname

A partir daí, as pessoas começam a pensar em alternativas, onde a principal delas é empreender. Quantas vezes você já não escutou em sua empresa alguém falar que está de saco cheio e vai sair para abrir algo? "Ahh, vou fazer um curso de cerveja e vender cervejas artesanais", "estou na área errada, o que eu gosto é de cozinhar, então vou vender brigadeiros", "paleteria está bombando, vou pegar minha rescisão e abrir uma franquia antes do próximo verão". 

O problema é que a maioria fica perdendo tempo nos corredores se lamentando e sonhando, mas pouquíssimos realmente tomam a decisão e saem para empreender, ou mudar completamente de área. 

Mas por que será?

Minha tese é que as pessoas ao longo do tempo criam um sentimento de dependência do emprego, que é diretamente proporcional à sensação de conforto que este trás para suas vidas, através da possibilidade de poder comprar e possuir coisas. E, em última instância, poder ostentar suas conquistas em seu círculo social, de forma contínua e crescente. 

Nossa sociedade cobra demais que sigamos um certo padrão: temos que, um dia, constituir uma família, ter uma casa bacana, ter um carro bom, enfim, ter coisas. E o tempo todo, em qualquer grupo social que você participe (na empresa, no clube, na escola dos filhos) as pessoas ficam se comparando, muito mais para se auto-convencerem de que esse modelo de vida que elas seguem é o correto. 

Esses dias um vizinho, com sua mulher, me convidou a ir a uma chopperia (eu e a Sra.Samurai), mas ao chegar lá havia mais um casal que ele havia convidado, com um filho pequeno. 

Papo vai, papo vem, após algumas rodadas de chopp o cara me perguntou: "Vocês não tem filhos"? E eu respondi curto e grosso: "Não, não temos". E não dei nenhuma justificativa. 

Aqui cabe uma observação: no passado, ao ver a cara de espanto das pessoas, de saber que já estamos juntos a um certo tempo, e não temos filhos, eu me sentia na obrigação de justificar. Hoje em dia, simplesmente mudo de assunto.  Para pararem de encher o saco nas próximas vezes, estou pensando em inventar alguma história triste, que meu filho morreu de alguma forma trágica. 

Acontece que bem mais para o final da noite, na hora de pagar a conta, eu vi que meu amigo e o fulano estavam no caixa pagando, mas um deles levantou o braço com copo na mão, me chamando e mostrando que haviam conseguido uma saideira. Ao chegar lá, disse que não queria tomar mais, e esse fulano inconveniente, mostrando que não havia ficado contente com minha resposta de duas horas atrás, fez o seguinte comentário (detalhe: o cara já estava um pouco bêbado): 

"Cara, esse lance de vocês não terem filhos, é tipo de outro mundo....é como se vocês vivessem em outro universo..."

Tipo, o cara me chamou de ET, na cara dura mesmo. E tinha me conhecido naquela noite...

Nesse momento, meu amigo, que tem muitas habilidades sociais pois é comerciante, interveio e mudou de assunto, fazendo piadas sobre outra coisa fora do foco....aí o bêbado parou de encher o saco. 

Estou dando esse exemplo para mostrar o quanto as pessoas pressionam umas às outras para se enquadrar em determinado padrão, e tentam excluir quem não se encaixa no modelo que elas consideram correto. 

E isso vale para a vida como um todo, não só para a questão de ter filhos ou não. Se você tiver filhos, a mulheres começarão a comparar o que o filho da outra tem que o dela não tem, vão comparar o destino de férias de umas contra as outras. Em resumo: estarão sempre comparando o padrão de vida de umas com as outras, e que hoje é muito influenciado por redes sociais. 

Mas o que isso tem a ver com dependência de emprego? TUDO.

Pensa comigo: se você aceitar o modelo mental que os outros te empurram, para guiar sua vida, fatalmente baseará suas escolhas em sempre TER mais, para não ficar para trás em relação à seu círculo social. Seu consumo sempre tenderá a aumentar, você (ou sua mulher) sempre irá gerar mais passivos (contas a pagar, dívidas), e você sempre dependerá do seu emprego. 

Esse é o ciclo básico que as pessoas se auto-impõem: aceitar um modelo imposto pela sociedade baseado no consumo e no crescimento do status social, o que as fazem depender do emprego e de crescer no trabalho (aumentos, promoções). 

E, infelizmente, quanto mais você se colocar dentro desse modelo, menos você enxerga outras possibilidades na sua vida. É como se você vestisse aquela proteção que temos que colocar nos cahorros, em suas cabeças, que parece um abajur, para que eles não lambam as feridas quando estão em tratamento. Nessa situação o cachorro só enxerga para frente, e fica batendo aquele negócio nas paredes e nos móveis, pois tem sua visão muito limitada. 

Você simplesmente fica cego para outras oportunidades e opções de vida, além de carreira e emprego. 

Mas então, COMO DEPENDER MENOS DO EMPREGO? 

Acredito que, por uma lógica bem simples, a resposta está bem clara: em primeiro lugar devemos trabalhar nosso mindset, nosso modelo mental. Questionar se os valores que guiam nossas decisões não estão sendo moldados por pressões da sociedade. 

E se isto está levando à criação de mais passivos desnecessários. Dívidas que, no longo prazo, irão eliminar todas as suas possibilidades de, em algum momento, ao menos pensar em fazer algo diferente da vida. Tudo que restará em sua cabeça é a necessidade do emprego. 

Então, meus amigos, por que vejo minha saída do emprego atual como uma oportunidade?

Por que me preparei para isso, juntando dinheiro, aportando, e investindo de maneira inteligente. Desta forma, criei uma reserva que me permitiria parar de trabalhar por alguns anos. 

Mas, obviamente, não quero ficar em casa sem fazer nada, e queimar tudo o que juntei. Mas tenho agora a possibilidade de tentar algo diferente. 

Tudo isso porque, já há um bom tempo,  resolvi eliminar as pressões e cobranças da sociedade e, também, dos familiares. 

Fica a dica...

Abraços













14 comentários:

  1. Muito bom, Samurai.

    Tenho visto esse fenômeno cada vez mais frequente, de pessoas que tentaram seguir o caminho tradicional Escola-Faculdade-Empresa e se desiludiram. Talvez essa crise tenha um papel fundamental na maturidade do brasileiro, pra que ele enxergue "na marra" que depender de um emprego fixo pode não ser mais um modelo de sucesso.

    Acabei de lançar o meu blog, e já adicionei o seu blog ao meu blog roll! Se puder, dá uma força lá no meu blog também: http://investidorestoico.blogspot.com/

    Abraço!

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    1. Investidor Estoico, vou visitar seu blog sim e te adicionar no blogroll. Realmente, a crise deverá fazer as pessoas questionarem o mindset estabelecido de sucesso na vida. Mas acho que, além da crise, a introdução de novas tecnologias nos próximos anos vai acabar com muitos empregos tradicionais, então é mais um fator para as pessoas repensarem suas cerreiras.
      Abraço

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  2. Ter varias fontes de renda é essencial para as pessoas não dependerem tanto de uma única fonte de renda!

    Abraço e bons investimentos.

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    1. DIL, sim, concordo 100%. Mas não entendo porque a maioria das pessoas tem somente uma.
      Abraço

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  3. Ótimo post! Tenho tentado viver a minha vida dessa forma e aprendi algumas coisas valiosas no meio do processo.

    Resumidamente:

    Saiba quanto você custa anualmente, e depois mensalmente (dividindo o anual por 12). Em cima disso, trace cenários: o ideal, onde você gasta o necessário pra viver da forma que deseja viver, o econômico, onde você corta algumas coisas superfluas, e o de subsistência, onde você considera somente o básico pra poder viver.

    Com esse mapa em mãos, monte uma reserva financeira que seja cubra pelo menos 6 meses do seu custo de vida ideal e/ou 1 ano do seu custo de vida econômico.

    No paralelo, invista forte em formas de fazer pelo menos o dobro do seu custo mensal. Primeiro foque no volume de dinheiro, depois foque em diminuir a quantidade de horas mantendo o mesmo volume.

    Depois disso, com reserva financeira já feita, é só trabalhar e acumular riqueza. Conseguindo manter os ganhos em pelo menos 2x dos custos, com 10 anos de trabalho forte você vai ter 20 anos de "independência financeira". (obviamente que estou simplificando muito todo o processo)

    Antes eu me importava bastante com investimentos. Hoje em dia eu me importo em aprender a fazer dinheiro e acumuar riqueza. Quando eu tiver pelo menos uns 3, 4 anos de custo mensal acumulados, aí vou começar a me dedicar a estudar.

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    1. Moacir, achei bem interessante esse seu modelo de calcular o seu custo de vida em diferentes "modos de vida". E também seu método para construir a reserva de emergência e para acumular riqueza. O método é seu ou leu em algum livro?

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  4. Eu acho que as pessoas devem empreender no part time pra sentir as responsabilidades do negocio.
    Fazer um MPV antes de investir dinheiro de verdade .Já tive 4 negócios
    2 com sócios faliram , 2 sozinho um fechei por motivo de saúde, outro que tenho a 4 anos deu bem certo também, só reduzi por causa dos assaltos.
    Enfim o assalariado tem segurança e empreendedor é uma tartaruga bebe a probabilidade de morrer é enorme , mais a chance de estourar é proporcional ao risco.

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    1. Soldado, sim, concordo com a abordagem de abrir múltiplas start ups até que uma deva vingar. O difícil mesmo é fazer tudo isso part time, estando empregado. Eu tentei desenvolver uma única start up em paralelo a meu emprego e não conseguia avançar. Agora com tempo livre devo ficar mais tranquilo.
      Abraço

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  5. Pior ainda quando se é funcionário público. Pressão muito maior quando você ousa dizer que quer jogar tudo pro alto kkk

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    1. Imagino que largar carreira de funcionário público seja encarada pela família da mesma forma que um suicídio...pois largar alfgo extremamente difícil de entrar, e que você provavelmente gastou alguns anos de sua vida focando só nisso. Deve se um baque mesmo.

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  6. Fala samurai, ótimo post!!
    Eu estou começando agora a investir em outras fontes de renda... A princípio será em casinhas populares com retorno mais de 1% , após isso irei me aventurar no empreendedorismo.
    Um abraco meu camarada !!

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    1. Investidor sem noção, se você tem a oportunidade de tirar mais de 1% em casinhas populares, manda bala!! E não deixe de postar contando para a gente a sua jornada.
      Abraço!!

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  7. Olá,

    Estou com endereço novo, já está adicionado amigo.

    https://acervost.blogspot.com/

    abs!

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